sexta-feira, 11 de julho de 2025

Resenha do livro “Os Filhos da Droga” de Christiane F.

Capa do livro “Os Filhos da Droga” de Christiane F.
Início da leitura: 03 de Junho de 2025

Fim da leitura: 06 de Julho de 2025

Rating: ★★★★.5

Sinopse do Livro:

Este testemunho impressionante tem tido um impacto imenso por todo o mundo desde que foi publicado pela primeira vez. O relato desta adolescente sensível e inteligente, que menos de dois anos após ter fumado o primeiro “charro” se prostitui depois das aulas para pagar a sua dose diária de heroína, e o pungente testemunho da sua mãe fazem Os Filhos da Droga um livro sem paralelo. Estas páginas ensinam-nos muito, não apenas sobre droga e o desespero, mas também sobre a deterioração do mundo de hoje. 

Opinião Crítica:

O livro Os Filhos da Droga é um relato brutal, cru e profundamente comovente sobre a adolescência mergulhada na toxicodependência e na marginalidade. Foi publicado pela primeira vez em 1978 e resulta de uma longa entrevista com, uma jovem alemã que, aos 13/14 anos, começou a consumir heroína e se prostituía para sustentar o vício.

Este não é um romance com floreios ou finais felizes. A linguagem é direta, muitas vezes dura, e expõe sem filtros a realidade do vício — não só a degradação física, mas também emocional e social. É um testemunho que incomoda e obriga-nos a confrontar verdades desconfortáveis sobre a juventude e abandono familiar, a falência dos sistemas sociais e a facilidade com que se entra num ciclo de destruição. 

O valor literário do livro reside menos na sua escrita e mais na força do conteúdo: é real, urgente e necessário. Ao mesmo tempo, não podemos ignorar que o livro levanta questões éticas — a espetacularização da dor, a romantização involuntária do submundo e a forma como o testemunho de Christiane foi explorado pelos media. 

Ainda assim, é um livro incontornável para quem procura compreender o impacto das drogas na adolescência, não apenas como fenómeno individual, mas como reflexo de uma sociedade que falha sistematicamente os seus jovens. 

Interpretação do Livro: (SPOILER)

Christiane ao início apenas se quer sentir incluída no mundo onde está. Começa por experimentar drogas como haxixe, mas rapidamente escala para a heroína e fica dependente dela. Aí começa a roleta russa de mentiras, manipulações, sexo e dinheiro para comprar a bem dita droga. Tudo passa a girar em volta da H (heroína). Tenta ainda assim várias vezes livrar-se do vício mas sempre sem sucesso. 

Os hospitais e casas próprias para tratamento também não querem ajudar, mas vez que Christiane apenas tem 14/15 anos. Vários são os amigos de Christiane que morrem do vício da heroína da mesma idade que ela. A mãe de Christiane desesperada acaba por a pôr num avião para casa da família na outra parte da Alemanha onde ela acaba por ficar e se livrar da heroína. Ou pelo menos assim pareceu… 

terça-feira, 8 de julho de 2025

Análise do filme “Call Me By Your Name” - Um Romance Que Queima Devagar

 

Capa do filme Call Me By Your Name

No outro dia estive à procura de filmes para ver na Netflix e deparei-me com este filme. Só pela capa já me chamou a atenção e carreguei no play. Este tipo de filmes emociona-me bastante. Fez-me recordar a minha adolescência e a maneira como vivemos as nossas relações tão intensamente e à flor da pele. 

Este é definitivamente um filme que explora o amor, o desejo e o amadurecimento com uma sensibilidade arrebatadora, “Call Me By Your Name” é sem dúvida uma experiência cinematográfica imperdível. Realizado por Luca Guadagnino, este filme de 2017 tornou-se um marco do cinema independente, destacando-se pela sua estética sublime e pela representação delicada de um romance LGBTQIA+.

Resumo do Filme “Call Me By Your Name”

Baseado no romance homónimo de André Aciman, o filme transporta-nos para o verão de 1983 no interior idílico do norte de Itália. Elio Perlman, um jovem de 17 anos interpretado por Timithée Chalamet, passa as férias com a família numa casa de campo repleta de arte, música e livros. 

Tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um estudante universitário americano, chega para colaborar com pai de Elio, um conceituado professor. O que começa como uma tensão subtil evolui para um envolvimento intenso, onde o desejo, a descoberta da sexualidade e as dores do primeiro amor se entrelaçam de forma poética. 

Pontos Fortes do Filme

Fotografia Deslumbrante - As paisagens italianas, o jogo de luz e sombra, e os detalhes sensoriais criam uma atmosfera nostálgica e quase etérea. 

Interpretação Brilhante - Achei que Timothée Chalamet ofereceu uma das performances mais marcantes da sua carreira, transmitindo com autenticidade e vulnerabilidade de Elio.

Banda Sonora Memorável - Com destaque para as músicas de Sufjan Steven’s, a banda sonora é um complemento emocional perfeito à narrativa.

Representação LGBTQIA+ Sensível e Respeitosa - Ao invés de recorrer a cliches ou dramatizações exageradas, o filme foca-se na universalidade do amor e no processo da auto-descoberta. 

Opinião Pessoal: Um Filme Que Fica na Alma

Assistir a Call Me By Your Name é mais do que acompanhar uma história de amor; é sentir cada olhar, cada silêncio carregado de significado, cada paisagem reflete o turbilhão interno das personagens. 

É um filme sobre o efémero - aquele verão que passa, mas que marca para sempre. E é impossível não nos vermos, de alguma forma, naquele Elio, que descobre o mundo e o amor ao mesmo tempo. 

Afinal quantos de nós já viveu um amor de verão? Já assististe algum filme que te deixou sem palavras? Apenas com emoções? 

Para mim este filme teve muitos momentos marcantes que levarei comigo muito tempo. São eles a conversa de Elio com o pai e a cena final do filme com a música de Surjan Steven’s - Visions of Gideon, foi simplesmente perfeito!

sexta-feira, 4 de julho de 2025

A Rotina de Escrita de Cormac McCarthy: O Que Podemos Aprender com o Mestre da Narrativa Minimalista

 

Foto do autor Cormac McCarthy

Cormac McCarthy é conhecido pelos seus romances intensos, diálogos crus e estilo minimalista. Autor de obras como A Estrada e Meridiano de Sangue, McCarthy deixou uma marca profunda na literatura mundial. Mas como era, afinal, a rotina de escrita deste gigante literário?

Hoje, no Caneta da Fénix, revelamos hábitos e lições que qualquer aspirante a escritor pode aplicar no seu próprio processo criativo.

Quem foi Cormac McCarthy?

Cormac McCarthy (1933-2023) foi um dos escritores mais respeitados da literatura contemporânea. Ganhou o Prémio Pulitzer e o National Book Award, com romances que exploram os limites da condição humana, muitas vezes em cenário áridos e pós-apocalípticos. 

Mas McCarthy não era um autor de entrevistas e eventos literários. Preferia o anonimato, o silêncio…e a disciplina. 

A Rotina de Escrita da Cormac McCarthy 

1. Simplicidade Radical

McCarthy era conhecido por viver com muito pouco. Durante anos, escreveu em quartos alugados ou motéis baratos, afastado do mundo. Segundo ele, “quanto menos coisas tiveres, menos distrações tens”. 

2. Escrever Todos os Dias — Sem Exceções 

Embora evitasse horários rígidos, McCarthy dedicava várias horas por dia à escrita, isolado, com foco total. Acreditava que a constância era mais importante do que a inspiração súbita. 

3. Desapego ao Fracasso

McCarthy demorou anos até ser reconhecido. Vivia com pouco dinheiro, mas continuava a escrever. Acreditava que o fracasso faz parte do percurso e que os verdadeiros escritores não escrevem para aplausos, mas por necessidade interior. 

4. Reescrever é Essencial 

Embora o seu estilo pareça simples, McCarthy era obsessivo na revisão. Cortava excessos, reescrevia diálogos, polia cada frase ao essencial. 

O Que Podemos Aprender com Cormac McCarthy

✔Menos distrações, mais escrita

✔Disciplina diária, mesmo sem inspiração 

✔Aceitar o fracasso como parte do caminho

✔Reescrever é onde a verdadeira escrita acontece

Cormac McCarthy provou que escrever não precisa de glamour, apenas de disciplina e paixão. E tu, já começaste a tua rotina de escrita? Partilha nos comentários ou junta-te à comunidade Caneta da Fénix para dicas, inspiração e ferramentas práticas. 

terça-feira, 1 de julho de 2025

5 Mitos Sobre Ser Escritor Que Precisam Acabar

Um caderno com um café e uma caneta

 Ser escritor não é um dom reservado a poucos — e está na hora de desfazer os maiores mitos que te impedem de começar.
Se sonhas em escrever um livro, partilhar as tuas histórias ou transformar a tua paixão pela escrita num projeto real, este artigo é para ti. 

Porque é que ainda acreditas nestes mitos?

A escrita é uma das formas mais poderosas de expressão, mas muitos futuros autores desistem antes de começar. A razão? Ideias erradas que circulam há décadas. Hoje, no Caneta da Fénix, vamos expor os 5 maiores mitos sobre ser escritor e mostrar-te a verdade. 

Mito 1: “Ou nasceste com talento ou nem vale a pena tentar”

Verdade: A escrita é uma habilidade que se desenvolve. Ninguém nasce a dominar personagens, enredos e diálogos. Com prática, leitura e técnicas certas, qualquer pessoa pode evoluir. 

Mito 2: “Só quem tem contactos consegue publicar um livro”

Verdade: Hoje existem várias formas de publicação, desde editoras tradicionais a plataformas de auto publicação. O que realmente conta é a qualidade e o empenho do projeto. 

Mito 3: “Escritores não ganham dinheiro”

Verdade: Embora não seja fácil, é possível monetizar a escrita com livros, artigos, cursos, conteúdos digitais e outros produtos criativos. A chave está em diversificar. 

Mito 4: “Escrever é um dom solitário e sofrido”

Verdade: Escrever pode ser prazeroso, partilhado e até colaborativo. Existem comunidades, workshops e redes de apoio que tornam o caminho mais leve. 

Mito 5: “Só és escritor se publicares um bestseller”

Verdade: Se escreves, és escritor. O sucesso não se mede apenas por vendas, mas pelo impacto das tuas palavras, pelo crescimento pessoal e pela partilha da tua visão. 

Ser escritor é uma escolha, não uma lotaria genética. Acredita no processo, desmonta os mitos e deixa que as tuas palavras ganhem vida.

E tu, qual destes mitos já acreditaste? Conta-me nos comentários!

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Como Escrever Diálogos que Parecem Reais (e Fortalecem a Narrativa)

Mesa, cafe, lapis
 Diálogos que respiram: o segredo das boas histórias 

Um diálogo bem escrito não serve apenas para preencher espaço entre descrições — ele dá ritmo à narrativa, revela emoções, mostra intenções ocultas e aproxima o leitor das personagens. 

Mas como fazer com que as palavras ditas pelas tuas personagens soem naturais, envolventes e reais? Neste artigo, partilho contigo as melhores dicas para escrever diálogos literários que funcionam. 

Porque é tão importante dominar o diálogo? 

  • Torna as personagens mais humanas
  • Evita narração excessiva (e aborrecida)
  • Revela conflito e tensão sem dizer tudo diretamente
  • Ajuda o leitor a “ouvir” a história em vez de apenas lê-la

O que faz um diálogo parecer real?


1. Naturalidade com intenção 
As pessoas hesitam, interrompem-se, dizem coisas fora do contexto. Mas, na literatura, o diálogo precisa de parecer natural e ter função narrativa.
2. Subtexto
Nem tudo o que é dito, é o que se quer dizer.
Exemplo:
_ Vais sair com ela outra vez?
_ Não sei. Só estava a ser simpático.
(O que ele quer dizer realmente? Que está a esconder algo?)
3. Evita exposições forçadas
Em vez de:
_ Como sabes, eu e tu crescemos juntos desde a escola primária…
Usa algo mais subtil:
_ A sério que vais puxar isso da escola outra vez?

Dicas práticas para escrever bons diálogos


1. Lê em voz alta
Soa natural? Ou parece forçado e encenado?
2. Elimina o excesso
O leitor não precisa de cada “olá”, “tudo bem?” Ou “até logo” — a menos que seja importante para o tom ou contexto.
3. Dá uma voz única a cada personagem 
Cada pessoa fala com ritmo, vocabulário e tom diferentes. Usa isso para distinguir personagens sem precisar de dizer quem fala.
4. Mostra emoções com ações, não adjetivos
Em vez de: 
_ Não quero falar disso — disse ela tristemente.
Usa:
_ Não quero falar disso — murmurou, olhando para o chão.
5. Usa pontuação com intenção 
As reticências, os travessões e os silêncios são poderosos quando bem usados.

Exemplo prático (antes e depois)


❌Fraco:
_ Estou com medo.
_ Não tenhas. Vamos ficar bem.
_ A sério?
_ Sim. Confia em mim.


✅Melhorado:
_ Isto…isto não devia estar a acontecer.
_ Eu sei. Mas vamos sair desta.
_ Diz-me só que vais ficar aqui.
_ Nem por um segundo vou sair do teu lado. 

Diálogo é ação disfarçada de conversa

Não escrevas o que as personagens diriam na vida real — escreve o que elas diriam numa boa história. O bom diálogo é tenso, dinâmico, cheio de intenção e subtexto. E, acima de tudo, faz o leitor esquecer que está a ler. 

Recursos recomendados para melhorar os teus diálogos:

Livro: Diálogos: A Arte de Escrever Conversas na Ficção - Robert McKee

Diálogos realistas não nascem por acaso — são trabalhados, lapidados, testados. Se queres que os teus leitores se apaixonem pelas tuas personagens, dá-lhes voz. Uma voz real, imperfeita e carregada de intenção.

E tu?
Qual a tua maior dificuldade ao escrever diálogos? Deixa nos comentários ou partilha comigo por mensagem — vou adorar ajudar!

terça-feira, 24 de junho de 2025

A Importância do Conflito na Construção de Personagens Autênticas

Areia e mar

 Porque o conflito é essencial na escrita criativa? 

Quando pensamos em histórias que nos prendem do início ao fim, o que elas têm em comum? Conflito. O conflito é o motor da narrativa — é ele que desafia as personagens, as transforma e nos faz querer saber o que acontece a seguir.

Sem conflito, uma personagem não evolui. Ela apenas existe. 

Tipos de conflito na construção de personagens

Para criar personagens profundas e realistas, é importante saber que o conflito pode surgir de várias formas:

1. Conflito interno (intrapessoal):

A luta da personagem consigo mesma — dúvida, culpa, medos, desejos contraditórios.

Exemplo: Uma médica que tem que escolher entre salvar a vida de um paciente ou cumprir ordens superiores.

2. Conflito externo (interpessoal ou ambiental)

Surge entre a personagem e o mundo ao seu redor — outras pessoas, a sociedade, a natureza, etc.

Exemplo: Um jovem homossexual a viver numa aldeia conservadora. 

3. Conflito moral ou ético:

Quando a personagem se vê obrigada a tomar decisões difíceis entre o certo e o errado. 

Exemplo: Uma jornalista que precisa escolher entre a verdade e a segurança da sua família. 

Exemplo prático de personagem com conflito

Imagina Lara, uma professora dedicada que sempre quis ser escritora.

Conflito interno: sente-se culpada por sonhar em abandonar o ensino.

Conflito externo: enfrenta resistência da família, que não vê a escrita como uma carreira “a sério”.

Resultado: a luta interna e externa de Lara torna-a mais humana — e mais interessante para o leitor. 

Como usar o conflito para desenvolver personagens fortes

Aqui vão 5 dicas práticas:

✅ 1. Dá à tua personagem um desejo claro…e obstáculos reais.

Quanto maior o desafio, maior o crescimento da personagem.

✅ 2. Mostra os dilemas, não digas apenas o que ela sente. 

Utiliza diálogos, ações e decisões para mostrar os conflitos.

✅ 3. Faz com que o conflito evolua.

Um bom enredo mostra como o conflito se transforma ao longo da história.

✅ 4. Liga o conflito ao tema da história 

O conflito deve refletir o que queres explorar — liberdade, amor, justiça, etc.

✅ 5. Dá consequências reais às decisões da personagem

Não tenhas medo de colocar a tua personagem em apuros.

O conflito transforma personagens…e leitores

Personagens planas não ficam na memória. Mas aquelas que enfrentam lutas internas e externas, que falham e aprendem, tornam-se inesquecíveis. É através do conflito que mostramos a essência humana — e é isso que liga o leitor à história. 

Conflito não é apenas parte da história — é o que molda as personagens e mantém o leitor investido. Ao dominares esta técnica, vais criar personagens que respiram, sofrem, lutam…e vivem muito além da última página.

E tu?

Estás a escrever um conto ou romance? Que tipo de conflito estás a explorar nas tuas personagens? Partilha comigo nos comentários ou envia a tua dúvida pelo formulário de contacto! 

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