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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Desamor

vela a arder num fundo cor de rosa

Porque choras?

Ele não te aquece?

Insónias de amor…

Tenho dores no corpo e ele me esquece.

Divago pelas ruas nos braços que me abraçam.

Cristais dos meus olhos no seu colo, eles caem. 

Isto são apenas versos sem sentimento ou graça.

A minha caneta está gasta e palavras não as tenho. 

Assim amarrada perco todo o encanto.

O que sentes? Nada.

Causa? Desamor. 

Afinal o que sentes? Amor e nada.

Perdi-me nos seus olhos e o seu sorriso me engana.

Afinal, o que sentes? Não sinto nada.

E por nada o amo. 


terça-feira, 17 de dezembro de 2024

O violino do amor

 

violino a preto e branco

Ultimamente rimas com tudo e com nada. Cada palavra pronunciada pela tua voz tem o intuito de rimar com as minhas. Não só a nível sintático, mas também rítmico. Achas piada a esse jogo e pensas que para ser poeta os versos têm que rimar. Como se o poema fosse melodia e competes contigo mesmo. Quem diria que prefiro versos soltos que dizem tudo a versos rítmicos que não dizem nada… Melodia é quando os teus lábios tocam nos meus, e escreves os melhores versos sem fala ou escrita. Tens o ritmo no toque e não o sabes. Produzes todas as notas musicais nos meus lábios e no meu corpo como se fosses artista e eu sou o teu violino. Agarras em mim e tocas a peça “inverno” de Vivaldi com a desculpa que temos de nos aquecer. Envolvo-me nos teus braços, beijo os teus lábios, fazes-me declamar a mais bela poesia com a ponta dos teus dedos. Afinal és mais que poeta, és artista. 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Invisível

Mulher de costas a pôr as mãos à cabeça

 Estás em cada esquina do meu pensamento. Mentira. Estás para onde quer que olhe, lá estás tu. O olhar intenso de quem me ama, mas que também me odeia e sente saudade dos tempos banais que passámos. Esta relação de amor/ódio tem que acabar. Mas sem ela, teríamos ainda alguma coisa? O silêncio, a distância… Espero que sejas forte o suficiente para não dizer nada. Hoje apenas escrevo no papel enquanto a saudade aperta. E a lata que não tenho para te dirigir a palavra. Amo-te. Odeio-te. Odeio-te! Ok, amo-te! No entanto, dizer que te amo não define de todo o sentimento. As coisas poderiam ser mais simples, mas não são. O tremer do corpo, o arrepiar da pele…dizem que é muito mais que isso. Fico fechada em quatro paredes a tentar respirar, ofegante com vontade de desmaiar e as lágrimas começam a escorrer-me pela cara… Concentra-te, digo de mim para mim. Limpo as lágrimas, ponho um sorriso e digo em voz alta - esta foi a vida que escolhi. Não podes abrir as portas do passado quando queres e escolher um destino diferente. Não será a mesma coisa, não é a mesma coisa. O tempo há-de passar, a vida há-de correr e tudo ficará bem. Basta não pensar, basta não sentires. Nem que ele seja parte da tua alma, nem que com ele sintas que não falta nada. Nem que isso te mate aos poucos… 

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O amanhã sempre vem


A saudade pesa. Pesa no peito, pesa no corpo e ainda assim não a vejo. Não consigo ver o seu peso quando me ponho em cima da balança. Nem tão pouco a vejo no espelho do nosso quarto. Sinto a tua ausência. O vazio na nossa cama, o vazio no meu peito. O silêncio ensurdecedor nas paredes da casa. O telemóvel que não toca mais com as tuas mensagens. Nem um bom dia, nem como é que estás. 
As lágrimas que deito, escorrem-se pela cara e morrem na minha boca. Gostaria que a vida fosse mais simples. O céu sempre azul. Mas, as nuvens prevalecem e a chuva cai a potes. Qual música poderosa que compete comigo…
Tenho cadernos cheios na estante. Mais de mil cartas que te escrevi. Nunca as leste. Sentimentos declarados em papel espelhados… Nos meus olhos os provaste e em teus sonhos os revelaste. Acaba a tempestade e acabamos nós. Mas, sabes? Ou melhor…sabias? Assim como é certo que o sol se põe, também é certo que ele nasce. 


sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Um brinde a nós

 

És o demónio que me atenta. Apareces em sonhos, pesadelos, reflexos. Vejo-te no copo de vinho que não toquei. No espelho em que não me vi. Agarras-me na mão e não te vejo. És o fantasma que me atormenta durante o dia. O demónio que me atormenta durante a noite. Sugas a minha vontade de viver, levantar e enfrentar um novo dia. Não consigo evitar dormir contigo no pensamento. Os teus lábios no meu pescoço, as tuas mãos nas minhas, o sorriso entre beijos. Tudo em ti me vicia. Prisioneira de ti, da noite, de nós… 
Mas que nós? Tu só apareces quando queres e vais quando queres. Eu fico aqui, à espera, à espera... Eternamente à espera! Espero que acabes com as palavras e passes a ações. Espero que me demonstres que podes pegar em mim e levar-me para longe. Mas, eu matei-te. 
Ontem foi o teu funeral. Todos choravam a tua perda. Eu bebi e brindei a ti. Bebi a garrafa de Casal Garcia que me ofereceste naquele dia. Sabes? O dia em que mentiste e disseste que amavas. Um brinde a ti, um brinde a mim, um brinde a nós.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

(Des)iguais


 Parecia tudo tão simples, a tua mão na minha, a minha mão na tua, o sorriso rasgado e a meia lua. Mas, o complexo tomou lugar. A tua mão não cabe mais na minha e a minha mão não cabe mais na tua. O que encaixava antes, não encaixa mais. As peças são as mesmas e ainda assim (des)iguais. A ilusão levou a melhor de mim. Disseste que te ia ver em todos os homens que passam por mim. Pedi que te calasses. Afinal não precisaria de ver noutros o que vejo em ti, tendo-te aqui ao pé de mim. O teu olhar vago, as tuas palavras vazias, quanto mais falas mais me paralisas. Não dizes o que queres dizer, não fazes o que queres fazer. És um peso morto que não sabe onde aterrar. Escolhes o meu peito como porto de abrigo. Eu escolho o copo de vinho. Sem álcool seria demasiado complexo e tu sabes que gosto de coisas simples. O fim do dia à beira-mar, uma noite com os amigos, a carta que demora a chegar…

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Promessas quebradas


 Acordo com a chuva lá fora e lágrimas caem do meu rosto, mais uma vez. Eles dizem que fica mais fácil e eu não acredito numa palavra do que dizem. Sigo em frente, ponho um sorriso no rosto, saio no meio da multidão para não sentir. Não quero sentir dor. Acreditei em ti quando disseste que nunca ias embora. Nunca quebraste uma promessa, por isso deduzi que não fosses quebrar essa. Ironia do destino. Foi a única que quebraste. Estou farta das pessoas. Da multidão que vagueia sem direção, sem destino. Há quem me faça perguntas à espera que eu minta. Há quem pense que sempre que mando uma mensagem é porque preciso de ajuda. Estou farta de vocês. Farta das facas nas costas, dos murros certeiros e das rasteiras improvisadas. Tanto interesse que corre pelas ruas e eu, à espera na esquina da vida, por ver algo com alma! Farta de ouvir os outros falarem sem sentirem o que dizem. Saudades de ver aquele brilho nos olhos dos apaixonados. As pessoas são todas iguais. Sempre esperei poder dizer "tu és diferente". Basta serem humanos e cobardes. Eu incluída.



quinta-feira, 13 de junho de 2024

Desejo


Crio em ti a imagem que sou e entre os labirintos do meu corpo, sinto-te. Os lábios grená que surgem nesta escuridão imunda de amor e ódio. Que a minha paixão é loucura e a razão fraca demais para que o desejo não prevaleça. O suor do teu corpo e o calor do meu toque nem por isso suave. E os gritos abafados e os vidros embaciados. O meu sangue é vinho vertiginoso. Se fosse o amor a essência mais pura, o ódio servido em castiçal também seria perfeito. O olhar enternecedor cruza a minha estrada e choro para que possa entender as suas lágrimas. Por entre rios andei e em ruas mergulhei. O toque de peles que faz arder o sensível corpo que me acompanha. A minha mente é cinza. E de fogo a vida e de vida a fogo ardo em pensamentos que anseiam ser ouvidos por almas mortais. Brechas de luz que iluminam as minhas madrugadas e me forçam a encarar o orvalho na berma do trajecto. O medo arrepia-me e faz-me suar as drogas que já provei nesta vida. Encaro a loucura com uma lucidez desprovida de razão. Escrevo o sentir sem pensar e escrevo o que penso sem sentir. Imprimo no papel as palavras loucas de um génio iludido com a razão. Não lhe faz jus tal título...medíocre escritor que pelas ruas combalias com destino a poesia e usas a prosa como caminho. O caminho que percorremos decerto desigual iguala no fim da estrada. Oh carro sem travões... Oh rodas assassinas... Eu tenho o motor e ele te clama vrrrum vrrum vrrum... Ainda estou longe do precipício. Acelera a máquina que me bate no peito e abranda a vida para que tudo isto seja perto de perfeito.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Memórias

Janela com vista para uma tarde de outono

Lembro-me da primeira vez que mudei de casa. Sentada naquela cama nova, naquela casa que ecoava as nossas vozes da pouca mobília que tinha. Fiquei toda a noite a olhar pela janela do meu quarto, com os phones nos ouvidos, à espera. Simplesmente à espera. Estava com medo, nervosa. Queria alguém ali para me abraçar e dizer "está tudo bem. podes adormecer". Mas não estava. Várias vezes alguém me gritava "ninguém quer estar sozinho", quando eu tentava ter dois minutos de puro silêncio, sem ter que forçar um sorriso ou prestar atenção a alguém que não eu. Ela tinha razão. No fundo, ninguém quer estar sozinho, nem mesmo para ter aqueles dois minutos de paz. Porque ela ensinou-me que o problema não é a presença da pessoa, mas a voz. Há pessoas que deviam aprender a calar e ficar assim, em silêncio. Não por quererem, mas porque certa e determinada pessoa precisa que te cales por dois minutos. Eu aprendi que a mesma pessoa que me deita a baixo, pode ser ela mesma a estender a mão e ajudar-me a levantar. Eu aprendi muito contigo. Principalmente a crescer. Mas nessa noite, mesmo sem ninguém, onde tudo era silêncio, eu desejei o barulho. E assim que o sol nasceu e as pessoas começaram a sua rotina diária, eu sussurrei para mim mesma: "está tudo bem, podes adormecer". E lentamente fui fechando os olhos... Porque com ou sem alguém, o sol volta a nascer e mais tarde, a noite é, mais uma vez, realidade.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Diz-me oh mar!

Ondas do mar

 As minhas mãos estão cheias de veias, manchas pequeninas em vários tons de castanho. Os dedos falham-me no fogão. Limpo as mãos ao avental branco e vermelho aos quadradinhos que trago na cintura. Cintura essa que deu luz a cinco filhos… O meu marido, sempre de barba feita, cabelo penteado, grisalho como o meu, toma o seu leite, na varanda do nosso sexto andar. Sente a maresia e escuta o som das gaivotas que pairam sobre a sua cabeça. É inverno. O Algarve está vazio. Não existem almas a percorrer as calçadas da rua ou a fazer castelos na areia. Há muitos muitos anos que não sinto os grãos de areia a fazerem-me cócegas nos pés. O vento a bater-me na cara e a fazer voar os meus lenços do cabelo. Olho no espelho velho do nosso quarto, talvez tão velho quanto eu, e observo os meus olhos cinzentos, cor das rochas ao sol. Um cinzento claro, com tons de branco e preto, como se a espuma da água do mar se encontrasse com as conchas pretas na areia de um dia de verão.

Uma pessoa nunca pensa até que idade irá chegar. No meio do quotidiano da vida, vivendo um dia de cada vez, acabamos por não nos darmos conta da passagem dos anos. Os anos passam por nós. É essa a sensação que me dá. A minha cabeça ainda se lembra de quem eu era, quando nova. As paixões, os desafios, a rotina… Mas, nós também passamos pelos anos, certo? Para este nosso planeta, não somos nada. Não passamos de almas que estão cá num segundo e no outro não estamos mais. Será que a terra sente o meu peso? Sentiu o peso dos meus filhos, em cada nascimento? Sentiu o peso dos meus joelhos, sempre que me ajoelhei para pedir ajuda, pedir perdão, pedir refúgio? Será que alguém me ouviu?

Ouviste-me, tu, oh mar? Que bates as ondas contra a areia e as rochas, numa sincronia tal, que não tem fim. Ondas curtas, ondas longas, ondas inacabadas, ondas que não têm fim… Porque reclamas a tua natureza em cima da terra que me segura as pernas, e me faz caminhar pelos anos que passam por mim?

Poderei eu reclamar as minhas frustrações nas tuas ondas sem que me leves daqui? Poderei gritar aos ventos do oeste quem sou eu e o que faço aqui? Na melodia que passa na minha cabeça, vejo a valsa que dancei no dia do meu casamento. A mão do meu marido no fundo das minhas costas, a guiar-me como uma pena. O sorriso de quem acha que achou a mulher mais bonita de Lisboa. O sorriso vindo antes da gargalhada que ele sempre faz, e o passo cruzado a meio da valsa, não só para me trocar as voltas, mas para mostrar a todos o bem que sabe dançar. Eu era a parceira de dança do meu marido. Hoje não sou mais.

Hoje ele dança com as estrangeiras que vêm de férias para o Algarve. O nosso bonito Algarve. Hoje ele me visita num lar, onde me encontro numa cadeira de rodas, sem saber quem sou, quem fui ou quem ele é. Sempre que pode vem ver-me. Vem dar-me um beijo. E nos dias bons e raros, que sei quem ele é. E depois de tudo o que vivemos. Depois dos nossos setenta anos de casados… Aos noventa e quatro anos, digo o que sempre disse “Não importa o que ele faça ou diga. No final do dia, o meu amor por ele continua o mesmo.” Haverá, nos dias de hoje amores que durem na passagem dos anos? Ou os anos passam e o amor não dura? Saberás tu a resposta, oh mar? Ou simplesmente levas contigo aquilo que um dia me trouxeste? Um amor para a vida, ou uma vida de amor? Saberás a diferença? Será que existe alguma?


Curiosidades Fascinantes sobre Dan Brown que talvez não conheças

Quando falamos de thrillers eletrizantes que misturam história, arte, religião e ciência , o nome Dan Brown vem imediatamente à mente. O aut...