Se queres que os teus leitores riam, chorem ou fiquem acordados a pensar na tua história, precisas de uma coisa: conexão emocional. É isso que transforma personagens em amigos, vilões em pesadelos e histórias em memórias que ficam.
Neste artigo, vamos explorar como criar ligações emocionais fortes entre leitores e personagens, com exemplos de obras conhecidas em Portugal e dicas práticas que podes aplicar já hoje. Tudo explicado de forma clara, leve e direta ao ponto.
1. Dá uma alma à personagem
Não basta dizer que o João está triste. Mostra-nos o porquê. O que o faz levantar da cama todos os dias? O que o parte por dentro?
Exemplo: “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago
A mulher do médico é uma personagem com quem nos conectamos profundamente porque vemos o seu sofrimento, compaixão e força interior num mundo que desaba. Ela não é perfeita, mas é intensamente humana.
Foco:
- Medos e desejos reais
- Contradições internas
- Vulnerabilidades
2. Mostra, não digas (mas com emoção!)
Exemplo: “O Rapaz do Pijama às Riscas” de John BoyneBruno é uma criança inocente, curiosa e gentil. O leitor não se conecta com ele por ser “bonzinho”, mas porque vê os momentos em que age com bondade sem sequer entender o mal à sua volta. A emoção está nas entrelinhas.
- Gestos e ações pequenas
- Diálogo com subtexto emocional
- Momentos de escolha ou sacrifício
3. Cria momentos relacionáveis
Exemplo: “A Lua de Joana” de Maria Teresa Maia GonzalezA protagonista escreve cartas à amiga que já não está viva. É impossível não nos ligarmos às suas dúvidas, à dor da adolescência e aos momentos de solidão. Porque já estivemos lá, de alguma forma.
- Emoções universais (medo de perder, querer ser aceite, sentir-se invisível)
- Pequenos momentos do dia-a-dia
- Reflexões internas reais
4. Dá-lhes falhas (sérias!)
Exemplo: “O Retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde
Dorian é vaidoso, egoísta e muitas vezes cruel. Mas há momentos em que o leitor sente pena, raiva, confusão. E tudo isso é conexão. A complexidade prende.
Foco:
- Defeitos que geram conflito
- Falhas que se revelam com o tempo
- Arcos de redenção ou queda
5. Mostra como o mundo os vê (e como eles se veem)
Exemplo: “Capitães da Areia” de Jorge Amado
O grupo de miúdos de rua é visto como delinquente pela sociedade, mas o leitor conhece os seus sonhos, a amizade entre eles e a luta por sobrevivência. Não há como não sentir por eles.
- Conflitos entre identidade e percepção
- Rejeição, exclusão, julgamento
- Desejo de ser amado ou aceite
BÓNUS: A técnica da “cena espelho”
Pode ser subtil: a personagem vê alguém a sofrer como ela e tenta ajudar…ou foge.
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