Nos últimos meses tenho-me dedicado cada vez mais à escrita e 2025 tornou-se o ano em que finalmente decidi assumir os meus projetos literários. Estou a trabalhar no meu primeiro romance, um manuscrito que até agora só tem o planeamento essencial. Falta muito para chegar a uma narrativa completa, mas sinto-me animada com o processo. É uma mistura de medo e entusiasmo: por um lado, parece que ainda caminho no escuro; por outro, sei que a história vai ganhar forma à medida que lhe dou tempo e palavras.
Ao mesmo tempo, lancei-me num desafio diferente: escrever um conto com cerca de 12.000 caracteres (incluindo espaços). À primeira vista pode parecer pouco, mas na verdade é um exercício de disciplina enorme. Cada palavra precisa ter um propósito, cada cena tem de avançar a história e não há espaço para desvios. A maior dificuldade tem sido encontrar um tema forte o suficiente para sustentar esta narrativa curta. Sinto-me, às vezes, num bloqueio criativo — não por falta de vontade de escrever, mas porque tenho tantas possibilidades que acabo por não escolher nenhuma.
Quando me sinto bloqueada, tento regressar ao essencial. Procuro inspiração em emoções intensas como o medo, a perda, a esperança ou o amor. Leio contos de outros autores para perceber como conseguem condensar mundos inteiros em poucas páginas. Escrevo fragmentos soltos, sem me preocupar em ligá-los de imediato: uma imagem que não me sai da cabeça, um diálogo que parece surgir do nada. Muitas vezes é nesse exercício de liberdade que encontro o fio que me guia até à história. Pergunto-me “E se isto acontecesse?” Ou “E se aquela escolha mudasse tudo?”, e deixo que as respostas abram portas para novas possibilidades.
Para conseguir avançar com este conto, tracei um mini-plano que me ajuda a não perder o foco. Primeiro, quero definir um tema central simples — talvez um dilema moral ou sentimento forte — e reduzir a ideia a uma pergunta essencial. Depois, preciso de personagens sólidas, mesmo que sejam poucas. Um protagonista com um desejo claro, um antagonista ou força que o contrarie, e um obstáculo que mantenha a tensão até ao fim. A estrutura também será fundamental: um início que apresente a situação, um meio que intensifique o conflito e um fim que resolva a história, seja um desfecho feliz, trágico ou aberto.
Sei que tanto o romance como o conto vão exigir paciência, reescritas e persistência. Mas acredito que escrever é exatamente isso: um caminho cheio de descobertas, tropeços e pequenas vitórias. Ao partilhar aqui este processo, espero não só registar a minha jornada como também inspirar quem, tal como eu, está a lutar para dar vida às suas histórias.
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