sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Rotina de escrita: Mark Haddon


 Muitos grandes autores da nossa atualidade, têm rotinas de escrita. E esta crónica serve para conhecermos algumas delas. Hoje, viemos conhecer a rotina de escrita do autor deste mês: Mark Haddon.

A rotina de escrita do autor de “O Estranho Caso do Cão Morto” é bastante estruturada, mas também flexível. Como vimos no “Destaques do Autor: Mark Haddon” , o autor é conhecido por ser disciplinado. No entanto, a sua abordagem ao trabalho é influenciada pelo projecto que está a desenvolver. 

1. Horário de Trabalho:

Geralmente escreve durante o dia, começando de manhã e trabalhando até ao início da tarde. Valoriza a manhã para o trabalho mais criativo e intenso, uma vez que considera que esse é o momento em que a sua mente está mais fresca.

2. Disciplina e Flexibilidade

Embora tenha uma rotina disciplinada, Haddon é também flexível. Acredita na importância de se dar tempo para refletir e não tem medo de fazer pausas quando necessário. Se estiver a passar por um bloqueio criativo, o autor permite-se afastar da escrita para fazer outra coisa, como caminhar ou atividades que não estejam relacionadas ao trabalho.

3. Escrita Longhand:

Por vezes o autor prefere escrever à mão em vez de usar um computador, especialmente no estágio inicial do seu processo criativo. Isto permite-lhe pensar de forma mais clara e menos interrompida. 

4. Revisão e Reescrita: 

Haddon é muito dedicado ao seu processo de revisão. O autor passa muito tempo reescrevendo e polindo o seu trabalho. É inclusive muito comum que o autor revise um texto inúmeras vezes antes de considerar que está finalizado. 

5. Influências e Inspirações: 

Haddon busca inspiração de diversas fontes, incluindo literatura, artes visuais e experiências pessoais. Valoriza ainda a importância de estar aberto a novas ideias e influências, o que acaba muitas vezes por enriquecer a sua escrita.

6. Equilíbrio Vida-Trabalho:

O autor esforça-se por não deixar que a escrita domine completamente a sua vida, procurando sempre reservar tempo para a família, amigos e outras atividades que lhe tragam prazer. 

Em suma, Mark Haddon combina disciplina e flexibilidade na sua rotina e dá uma forte ênfase na revisão e na qualidade do seu trabalho final. 


terça-feira, 17 de setembro de 2024

Destaques do autor: Mark Haddon


Mark Haddon nasceu em 1962, a 26 de Setembro, em Northampton. Vive em Oxford com a sua mulher Sos Elvis e os seus dois filhos. É vegetariano e ateu.

Apesar de parecer, não se considera um escritor disciplinado. Apenas porque não deixa qualquer rascunho vir cá para fora. O autor inicia muitas coisas e felizmente tem pessoas que lêem tudo aquilo que escreve, como a sua mulher que lhe diz se algo que ele escreveu resulta ou não. Muitas vezes, o autor não sabe bem o que está a criar. O que começa sendo um poema, pode tornar-se uma cena, possivelmente um romance e no fim uma história curta.

O seu pai era arquitecto e o autor admite que quando escreve uma cena, tem que desenhar a planta daquela divisão e assim visualizar melhor como está tudo organizado. E talvez seja por isso que o autor seja tão bom nas descrições que faz nas suas obras. Chega mesmo a precisar dessas descrições tanto naquilo que lê, tanto naquilo que escreve para aquela cena lhe pareça real. Trabalhou como ilustrador e cartoonista em diversos jornais e revistas, junto de adultos e crianças com necessidades educativas especiais.

Ao ter trabalhado em televisão, mais propriamente, shows para crianças, foi de certa forma obrigado a escrever para reter a atenção do leitor, e não cair na tentação de escrever sobre ele próprio. Até porque muitas vezes tinha que reescrever vários episódios, só porque o produtor decidia fazer algo completamente diferente naquele episódio.

Mark Haddon ensina a escrever pelo menos uma vez ao ano na Fundação Vaughan, mas não acredita que se consiga ensinar a escrever bem. Normalmente, os bons escritores são aqueles que se descobrem por acaso e os que acabam por quebrar todas as regras da escrita. Ele ensina as regras e é importante saber as regras da escrita, mas isso é apenas a base.

O autor aconselha a ler aquilo que se escreveu em voz alta. Por vezes aquilo que parece bem escrito, por vezes lido em voz alta não faz muito sentido, não soa tão bem. Por isso, por vezes, pode ser descartado. Assim como também se pode melhorar um mau texto.

Conhecido pelo seu romance O Estranho Caso do Cão Morto, lançado em 2003. Foi vencedor de prémios como o Guardian Children’s Fiction Prize 2003, o Commonwealth Writers Prize Best First Book Award 2004 e o Whitbread Book of the Year Award 2004.

Publicou o seu primeiro livro para crianças, Gilbert’s Gobstopper, em 1987, ao qual se seguiram outros títulos dirigidos aos público infanto-juvenil.

Depois de uma viagem pela poesia, Mark Haddon regressou à prosa com Boom! Em 2009, A Casa Vermelha em 2012, The Pier Falls em 2016 e O Golfinho em 2019.

Para veres mais conselhos sobre escrita do autor, clica no link abaixo

Writing advice from Mark Haddon


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

10 Exercícios para melhorares a tua escrita


Tal como tu, ando sempre à procura de formas de aprimorar a minha forma de escrever e por isso venho aqui escrever alguns dos exercícios que costumo fazer, assim como outros exercícios com menor frequência, mas igualmente importantes. 

1. Diário Pessoal

Consiste em escrever diariamente sobre o que aconteceu no teu dia, sentimentos, reflexões, ou outro tema qualquer. Ajuda a praticar a escrita diária, melhora a fluidez e desenvolve a capacidade de auto expressão. 

2. Escrita Criativa

Criação de histórias curtas baseadas em temas ou palavras-chave específicas. Por exemplo, escrever uma história de 500 palavras usando palavras como “vento”, “mistério” e “floresta”. Ajuda a estimular a criatividade, a ampliar o vocabulário e a desenvolver a narrativa.

3. Reescrita de Textos

Não costumo usar muito este exercício. Mas sinto que devia. 

Consiste na escolha de um texto antigo que tenhas escrito e reescrevê-lo com um estilo diferente ou aperfeiçoar o que já está escrito. É necessário focar em melhorar a clareza e a coesão. Este exercício ajuda a melhorar a capacidade de revisão e edição, além de melhorar o estilo pessoal. 

4. Escrita Argumentativa

Consiste na escolha de um tema polémico e escrever um texto argumentativo defendendo um ponto de vista. Trabalha-se a estrutura, a introdução, os argumentos, os contra-argumentos e a conclusão. Ajuda a desenvolver a capacidade de argumentação e persuasão. 

5. Resumo de Livros ou Artigos

Após ler um livro ou artigo, escreve-se um resumo, destacando os pontos principais. Tenta manter o texto conciso e informativo. Ajuda a melhorar a capacidade de síntese e compreensão da leitura. 

6. Desafio de Vocabulário

Escolhe 3 a 5 palavras novas por semana e usa-as em frases ou parágrafos curtos. No final da semana, escreve um texto onde todas essas palavras sejam usadas de forma natural. Ajuda a ampliar o vocabulário e a incorporar novas palavras no dia-a-dia. 

7. Cartas para Amigos Imaginários 

Escrita de cartas a amigos imaginários ou personagens fictícias, abordando temas do quotidiano ou situações fictícias. Este exercício ajuda a praticar a escrita num tom mais pessoal e descontraído. 

8. Escrita Descritiva

Escolha uma pessoa, objeto ou cenário e escreva numa descrição detalhada, explorando todos os sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato). Foca em criar uma imagem clara e vívida para o leitor. Ajuda a melhorar a capacidade de descrição e detalhamento. 

9. Diálogo entre Personagens 

Escreva um diálogo entre dois ou mais personagens em uma situação específica, por exemplo, uma discussão ou uma conversa informal. Trabalha para que cada personagem tenha uma voz única e natural. Ajuda a aprimorar a escrita de diálogos, explorando diferentes vozes e estilos de fala. 

10. Texto Reflexivo 

Escolha de um tema de relevância pessoal, como por exemplo, felicidade ou sucesso e escrever um texto reflexivo sobre ele. Permite explorar ideias, sentimentos e experiências pessoais relacionadas ao tema. Ajuda a desenvolver a capacidade de reflexão crítica e escrita introspectiva. 

Dicas:

Leitura Regular: 

Ler com regularidade melhora a escrita, uma vez que permite a absorção de novos estilos, vocabulário e estruturas.

Revisão Constante: 

Reler os seus textos e revisá-lo em busca de melhorar a clareza e a correção gramatical.

Feedback de Terceiros:

Ao compartilhar os seus textos com outras pessoas e pedir o seu feedback honesto pode ajudar a melhorar a sua escrita.

Ao praticar estes exercícios regularmente irá ajudar a fortalecer a sua habilidade de escrita de maneira abrangente. 


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Revelações de um parto normal de uma mamã de primeira viagem


 Olá queridos leitores! 

Hoje venho falar-vos da experiência do meu parto para trazer ao mundo a bebé M. 

Dia 9 de Maio de 2024, tive duas consultas de manhã, uma no Hospital de Leiria para observação dos movimentos do bebé em que nos põe uma fita à volta da barriga e temos que pressionar o botão sempre que o bebé se mexe na barriga. A minha menina como sempre se mexeu muito, principalmente quando paro quieta, esta parte foi particularmente fácil. 

Após o Hospital de Leiria, tive consulta no centro de saúde em que me perguntaram se já tinha a mala pronta e disse que sim. Ao mesmo tempo pensava que ainda faltava uns 14 dias para a data prevista do parto e que ainda era cedo para já estar tudo ansioso. 

No entanto, durante uma chamada de vídeo com a família por volta das 22h baixei-me para ver se um pacote de fraldas, que tinha em casa, iriam servir na bebé M, quando me virei e disse “de duas uma, ou me rebentaram as águas ou fiz xixi pelas pernas abaixo!”, desliguei e fui até à casa de banho. Sentei-me na sanita e a água não parava de escorrer! Acabaram-me por me dar umas cólicas horríveis e pouco depois fiz o número dois… e ainda bem, só pensava “ai ainda bem que foi em casa, pode ser que assim não faça no trabalho de parto” que era um dos meus maiores medos! E felizmente isso não aconteceu. 

Pedi ao meu namorado umas cuecas e um penso para irmos então para o hospital, mas rapidamente me ri, quando mal pus as cuecas fiquei toda encharcada, assim como o penso e havia água por baixo dos meus pés no chão do nosso quarto. Pedi uma fralda e lá nos dirigimos ao carro. Já no carro, começo a sentir contrações, e estas iam e vinham de cinco em cinco minutos. 

Ao chegar ao hospital entrei numa sala de consultas onde me examinaram e disseram que já tinha 4cm de dilatação. Pediram para assinar uns dois papéis de responsabilização e que podiam ocorrer complicações, como por exemplo, morte. Paniquei ao ler aquilo! Mas, respirei fundo e mantive a calma. 

Fui encaminhada para uma sala de parto e o meu namorado juntou-se a mim pouco depois já todo vestido de azul. Ah, uma coisa importante, eles não dizem para pôr fraldas para a mãe na mala da sala de partos, mas metam! Porque eu quis outra e não tinha, pedi no hospital e são super grandes e incómodas. Se eu soubesse, tinha posto umas duas ou três nessa mala! 

Perguntaram se queríamos um parto assistido ou não e eu disse que queria com o mínimo de intervenção possível. Perguntaram-me se queria levar a epidural e disseram que devia levar enquanto ainda me conseguia manter quieta, que não me podia mexer quando estivesse a levá-la e por isso, pedi logo. A seguir disseram para eu ficar quieta e tentar dormir. Lembremo-nos que tinha um catéter numa mão, uma máquina a fazer bip onde estavam a monitorar a bebé e as contrações continuavam de 5 em 5 minutos… 

Deitei-me e porque tinha um sabor metálico na boca ofereceram-me um chupa e fiquei assim algum tempo. Tive vontade de urinar umas duas vezes antes de ela nascer, e como não podia sair dali…toma um pote de alumínio, e como não conseguia esvaziar completamente tiveram que me ajudar com uma algália. Fui sendo vigiada pelas enfermeiras que vinham ver de quantos centímetros estava de dilatação. 

Quando finalmente me disseram que podia fazer força, tinha que fazer força quando vinha a contração. E assim foi, comecei por fazer força na posição “de frango” e achava que gritar iria ajudar, mas não. Aliás apenas me ajudou a esquecer um pouco a dor que sentia com as minhas ancas a alargar. 

Nessa posição não estava a conseguir e passei para a posição de quatro apoios, em que me disseram para dançar um pouco com a barriga porque a bebé M se encontrava de lado. Ofereceram-me gelatina de pêssego porque estava há muitas horas sem comer. E aqui, eram já 4h da manhã do dia 10 de maio. 

Nas próximas 3h fiz força nessa posição, fiz de lado, e por fim fiz de cócoras. Esta última posição tornou-se a mais favorável para mim e para a bebé. Mas, após tantas horas a fazer força de 5 em 5 minutos, comecei a ficar sem forças e a revirar os olhos. O meu namorado percebeu que eu não ia aguentar muito mais e perguntou à enfermeira que estava connosco se não nos podiam ajudar. Ela falou na opção das ventosas e nós aceitámos. 

Neste momento. Neste exacto momento, aquela sala de parto virou sala de operações em menos de 2 segundos. Entraram umas 6 pessoas, entre 2 enfermeiras, 2 médicas, uma auxiliar e uma senhora da limpeza. A médica avaliou-me e disse que eu teria que fazer força para a bebé sair mais para ela conseguir pegar com a ventosa ou que então não ia conseguir puxar. Uma enfermeira que já se encontrava fora de serviço estava ao meu lado a dizer para respirar, que seria o último puxão e iria acabar tudo. 

Assim foi, dei o resto da força que tinha, e ela estava cá fora. Em cima de mim, a fazer beicinho e a fechar os olhos com tanta luz que havia naquela sala. Acabei por rasgar bastante de lado. Perguntei ao meu namorado se estava muito mau lá em baixo quando percebi que estava a ser cozida há quase 1h. Ele mentiu-me claro, para me acalmar, “não amor, é só uns pontinhos e já está.” As médicas ao vê-lo passar por trás delas e a dizer-me isto entraram um bocado em pânico a pensar que ele ia desmaiar, mas não. Ele teve ali ao meu lado o tempo todo, cortou o cordão umbilical e tomou conta de nós! 

A bebé M, nasceu dia 10 de maio, às 7h58 da manhã com 2,835kg, saudável e sem precisar de cuidados especiais à nascença. Não saiu de perto de mim um segundo.

Enquanto a vestiam, e antes de me começarem a cozer era necessário expulsar o saco amniótico. E eu pensei na minha ignorância que ele saia por ele, por assim dizer. Mas após tudo isto… também tive que dar um puxão para o expulsar do meu corpo. 

E contigo? Como foi a tua experiência? 


sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Um brinde a nós

 

És o demónio que me atenta. Apareces em sonhos, pesadelos, reflexos. Vejo-te no copo de vinho que não toquei. No espelho em que não me vi. Agarras-me na mão e não te vejo. És o fantasma que me atormenta durante o dia. O demónio que me atormenta durante a noite. Sugas a minha vontade de viver, levantar e enfrentar um novo dia. Não consigo evitar dormir contigo no pensamento. Os teus lábios no meu pescoço, as tuas mãos nas minhas, o sorriso entre beijos. Tudo em ti me vicia. Prisioneira de ti, da noite, de nós… 
Mas que nós? Tu só apareces quando queres e vais quando queres. Eu fico aqui, à espera, à espera... Eternamente à espera! Espero que acabes com as palavras e passes a ações. Espero que me demonstres que podes pegar em mim e levar-me para longe. Mas, eu matei-te. 
Ontem foi o teu funeral. Todos choravam a tua perda. Eu bebi e brindei a ti. Bebi a garrafa de Casal Garcia que me ofereceste naquele dia. Sabes? O dia em que mentiste e disseste que amavas. Um brinde a ti, um brinde a mim, um brinde a nós.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Mark Haddon’s writing advice

Pessoa a escrever num caderno e a beber café

 “When I sit down to write I know that most of what I produce will end up being discarded, and to write in spite of that knowledge takes more confidence than I possess on a regular daily basis.”

“It’s harder to procrastinate when other people are watching.”

“Writing is like surgery or flying a plane: you need to be firing on all cylinders or you need to be doing something else.”

“I don’t think I would keep writing without being driven by a constant nagging voice at the back of my head, saying, over and over, “That’s not good enough, write more, write better, time is running out”.”

“It’s not about you. Readers don’t want an insight into your mind, they want an insight into their own, a book that will put them in touch with a part of themselves they didn’t even know existed.”

“Read your work out loud, preferably to other people. Things that work or don’t work are sometimes invisible on paper but obvious when heard.”

“All half-decent writers have a nagging voice in their head telling them which bits work and which don’t. Maybe you can’t hear it yet, maybe you don’t want to hear it… Cultivate this voice and learn to trust it.”

Curiosidades Fascinantes sobre Dan Brown que talvez não conheças

Quando falamos de thrillers eletrizantes que misturam história, arte, religião e ciência , o nome Dan Brown vem imediatamente à mente. O aut...